O teatro contemporâneo e suas antíteses: do minimalismo ao exagero.
Helloooo, Helloooo, Helloooo...

Com imensa tristeza comunico a nossa última parada dessa
grande viagem.
Hoje, finalizamos este nosso passeio pela história do teatro
e confesso que meu desejo era continuar viajando e mostrando pra todos vocês os
encantos das artes dramáticas. Porém, todo ciclo tem seu fim e tenho a certeza
que não será a nossa última aventura juntos.
Continuarei com meus
disfarces de mortal visitando os múltiplos espaços utilizados pelo drama, que
encanta e alerta a sociedade. Neste tempo que ficaremos separados, estarei viajando
por aí, buscando novas experiências para compartilhar com vocês.
Hoje, meus queridos navegadores, nosso barco desembarcará na
contemporaneidade, um espaço que ainda está em construção e buscando uma
definição (ou não).
Uma época encantadora, de uma gente que reflete a liberdade
de criação, permitida graças às lutas travadas por pessoas que vieram antes
delas. Uma época que entendeu que um trabalho nunca está realmente “finalizado”
e o que importa, de verdade, é o percurso e tudo que se aprende nesse largo
caminho que é a vida.
Segundo a tendência do “menos é mais”, o polonês Jerzy Grotowski desenvolve técnicas que cognomina de “Teatro Pobre”, que segundo o próprio dramaturgo, o fundamental no teatro é o trabalho com a plateia, não os cenários e os figurinos, iluminação etc.
Estas são apenas armadilhas, se elas podem ajudar a
experiência teatral são desnecessárias ao significado central que o teatro pode
gerar. O foco, então, está no principal ao teatro que é a atuação.
O pobre em seu teatro significa eliminar tudo que é
desnecessário, deixando um ator ou atriz vulnerável e sem qualquer artifício.
Na Polônia, seus espetáculos eram representados num espaço pequeno, com as
paredes pintadas de preto, com atores apenas com vestimentas simples, muitas
das vezes toda em preto.
Outro ponto super alto na dramaturgia contemporânea foi a
fundação da cia The Living Theatre, que trouxe elementos da contracultura na
sua composição. Fundado nos EUA na década de 60, o grupo de teatro de vanguarda
foi montado inicialmente em Nova York pelos artistas Julian Beck e Judith
Malina.
Pioneiro do movimento off-Broadway nos anos 60, conquistou também
a Europa no início dos 70. Baseado em um teatro experimental, de cunho extremamente
político, e tomado como exemplo de contestação, de ação não-violenta e de aspiração
libertaria.
O grupo desembarcou aqui pelas bandas brasileiras no meio
dos anos 70. Vieram pra cá a convite do Teatro Oficina, do Zé Celso Martinez
Corrêa. O grupo via no Brasil fortes perspectivas de futuro, por ser um país
aberto às modificações. O que eles não esperavam era chegar aqui no meio de uma
revolução política e encontraram um país governado por militares, o que fez o
grupo ter sérias decepções com a realidade brasileira.
Para além da violência imediata, esse teatro desvelaria toda
uma percepção de mundo experienciada pela geração que vivenciou, desde o
nascimento, o pano de fundo sombrio do neoliberalismo, do individualismo e da
ascendente globalização.
Confrontador, desagradável, não passível de ser ignorado,
altamente provocador, esse teatro extremamente agressivo, doloroso e
perturbador obriga o espectador a literalmente encarar assuntos pesadíssimos e
situações extremas e invasivas. Ocorre que muitas vezes, a atuação envolvia
tanta troca entre plateia e atores que quem encenava urinava, ou vomitava em
quem assistia (escatológico e nojento, eu diria.)

Dentre as maiores e mais memoráveis formas de criação e
performances teatrais, encontramos na Broadway, um estilo bem estadunidense de
fazer arte.
Grandes públicos, super produções, altos investimentos e
consequentemente lucros gigantescos fazem dos trinta e nove grandes teatros
profissionais localizados em Manhattan, mais do que pontos turísticos, mas uma indústria
do espetáculo, com lucros bilionários advindo das produções artísticas.
As peças encenadas neste espaço, transitam pelos mais variados
temas e estilos. Entretanto, a crise econômica americana, o racismo, a AIDS, os
processos de adaptação entre a cultura local e culturas estrangeiras, as
constantes revisões históricas e os limites de autoria estão sempre em alta.
Miguel Falabella e Pedro Cardoso foram figuras de extrema importância
para este movimento, que em poucos anos nos palcos, migrou para a televisão e até
hoje ajuda a formar o humor crítico e ácido da comédia brasileira.

Sei que temos muito ainda para falar sobre os movimentos do
teatro pelo mundo, por isso, peço que se tiverem contribuições ou sugestões,
mandem por aqui para que a gente continue em constante troca.
Espero que tenham conseguido entendem um pouco desse universo
que é a dramaturgia.
Um forte abraço e até a próxima aventura.
Dionni.
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